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FUNDADOR DE UBERABA
João Eurípedes de Araújo
Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, em 1770 e faleceu em Ube-
raba, no dia 06 de fevereiro de 1832. Casou-se com Antônia Angélica de Jesus, sendo o enlace matrimonial
celebrado pelo vigário Silva. Antônio Eustáquio e Antônia Angélica não tiveram filhos, deixando, porém, três
filhos naturais: Valeriano Antônio Mascarenhas, Francisca Maria e Sebastiana Maria.
De acordo com o inventário de 1832, major Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira declarou que é filho
legítimo do sargento-mor João da Silva e Oliveira e Dona Joanna Francisca de Paiva.
Segundo o escritor uberabense Guido Bilharinho, o verdadeiro nome do seu pai, era João Silveira de
Távora, pertencente à família dos Távoras de Portugal. Apesar de se constituírem em uma das famílias mais
tradicionais daquele País, foram perseguidos pelo marquês de Pombal, sob a acusação de atentado contra
o Rei Dom José I, em novembro de 1758. Fugiram para o Brasil aproximadamente em 1759, adotando novo
sobrenome: João da Silva e Oliveira. Após a reabilitação da família e o fim da perseguição,ele preferiu manter
o nome aqui adquirido.
Major Eustáquio é irmão do capitão Domingos da Silva e Oliveira, primeiro agente executivo da Vila de
Uberaba, e de Joaquim da Silva e Oliveira, que se tornou no século XIX, um dos maiores proprietários rurais
do município de Uberaba.
Não há uma pintura com o retrato do major. Entretanto, o capitão Manuel Prata (Manuel Joaquim da
Silva e Oliveira Prata), que faleceu em 1905, conviveu treze anos com o major Eustáquio e relatou algumas ca-
racterísticas físicas para Hildebrando de Araujo Pontes: “era de estatura mediana, cabelos louros, olhos azuis,
voz quase rouca [...] trajava calções de veludo, meias compridas, sapatos de fivelas de ouro e prata, casaco à
Luiz XV, capa, espada e chapéu armado”, apresentando-se por vezes “fardado com a banda e dragonas”, usava
a barba feita e gostava de caçadas.
Em 25 de maio de 1807, Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira transferiu sua residência de Ouro Preto
para o Desemboque.
Através da Portaria do governador de Goiás de 27 de outubro de 1809, o Marquês de São João da Pal-
ma, nomeou Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira, comandante regente dos Sertões da Farinha Podre, com
residência no Desemboque. Obteve patente de capitão por volta de 1809-1810 e de sargento-mor em 1820,
correspondente a major na nomenclatura posteriormente adotada pelo Exército Brasileiro.
Em julho de 1810, o major Eustáquio organizou a primeira Bandeira (expedição) no Desemboque, indo
até o rio da Prata, formado pelos rios Piracanjuba e do Peixe, regressando após dois meses.
Segundo o memoralista Edelweiss Teixeira, em 1812 saiu com a segunda entrada, percorrendo as re-
giões da Farinha Podre, campanhas da Bacia do Prata e do rio Tijuco, chegando às barrancas do Paranaíba.
Fez parte dessa comitiva como capelão o seu primo, padre Hermógenes, então coadjutor da paróquia de
Desemboque.
Chegou a Uberaba onde se fixou em fins de 1812, tendo construído uma casa de morada denominada
chácara Boa Vista, a primeira residência de Uberaba.
Em 15 de abril de 1817, ocorreu a transferência do oratório de Santo Antônio e São Sebastião do Arraial
da Capelinha (atual bairro Santa Rosa) para Uberaba.
Em 03 de agosto de 1818, alvará de Dom João VI concedeu licença ao cônego Hermógenes Cassimiro
de Araújo Brunswick para erigir capela com orago de Santo Antônio e São Sebastião da Berava.
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